terça-feira, 9 de novembro de 2010

Novos ares... nova etapa...

Na noite do dia 15 de novembro de 1989 eu estava na Avenida Paulista, onde também se encontravam milhares de pessoas que saíram a comemorar a passagem de Lula para o segundo turno das eleições. Eu não tinha votado nele... votei em Roberto Freire, na época candidato pelo Partido Comunista Brasileiro. Mas acabei contagiado pelo clima de festa e me juntei àqueles foliões da democracia...

A minha lembrança de eleições sempre foi de hum evento festivo... animado... pessoas engajadas... bandeiras... adesivos nos carros... Mas parece que até isso ficou para hum passado agora já beirando o remoto. Hoje o pleito é por demais engessado... as pessoas ficaram enfadadas... não se vê clima de eleições... apenas huma obrigação de escolher candidato e ir lá na maquininha apertar as teclas. Até mesmo das tão mal-faladas bocas de urna eu sinto huma certa nostalgia. Elas faziam o dia da eleição ainda mais animado.

Sei que tudo isso parece até pueril, perto da importância que o evento das eleições representa. Mas para mim é algo que falta. E essas últimas eleições foram bem hum exemplo disso. Foi hum pleito que tinha tudo para ser histórico... foi o primeiro sem o Lula desde a volta da democracia... foi o primeiro com duas mulheres competitivas... e também o primeiro vencido por huma mulher. Chegou a ser emocionante em alguns momentos... mas não vi mobilização. Esperava algo maior... mais intenso... mais popular.

Mas talvez isso também tenha a ver com a despolitização das novas gerações. Em 1989 estávamos embriagados de liberdade, depois de anos de ditadura e eleições indiretas. Isso reverberou o barulho da festa. Havia motivo para festejar. Hoje vivemos em tempos mais amenos... há plena liberdade, apesar de haver ainda muitas mazelas... e isso desmotiva os jovens.

Poucos percebem a importância, para o amadurecimento do Brasil, da eleição de huma mulher para governar o país... e isso logo após ter feito presidente hum operário... vindo do meio do povo... de regiões castigadas... Esses pequenos detalhes revelam muito e também fazem os mais humildes verem, refletidos nos seus escolhidos, as suas próprias esperanças de que há sempre huma possibilidade de se alcançar seus sonhos... seus objetivos... não importa de onde se venha.

Eu torci muito por Dilma. Não apenas por ser continuidade de hum governo imensamente popular... e nem por ser representante de huma esquerda que vai se renovando... mas por ser mulher... e ser algo de diferente sem ser arriscado (como fora Collor de Melo). Eu vi nela hum marco... huma nova etapa. Hum Brasil novo que deve deixar o passado dormir em berço esplêndido para poder focar apenas no futuro.

Que seja assim... e que 55 milhões de brasileiros estejam certos.

Boa sorte e bom trabalho, presidenta!

O Brasil precisa de quê?

As eleições se passaram e hoje temos a primeira mulher presidente no Brasil. Isso é histórico, da mesma forma que, quando Lula se elegeu, tornava-se presidente um homem de pouco estudo que mal sabia falar o português. No entanto, nem um nem outro se elegeu por esses motivos.

Não foram as mulheres, porque mulheres, que votaram em Dilma, nem Lula foi eleito pelos mais pobres e necessitados e operários, os quais defendeu em tempos de sindicância. Não somente.

Por mais que vivamos uma democracia, os eleitores são direcionados durante a campanha eleitoral a votar num ou noutro, pois os candidatos também direcionados por pesquisas tentam convencer o eleitor ao saber o que ele quer. Os candidatos não apresentam ideias, cria-se polêmica, parte-se para a agressão, apresentam-se dossiês, joga-se com a moral. Infelizmente foi o que vimos.

Num país tão necessitado como o nosso, que paradoxalmente riqueza e fortunas convivem com pobreza e miséria, as promessas de campanha acabam sendo o básico, mínimo que governos seguidos já teriam feito se pensassem em governar com visando o todo. E pior, muito do prometido, talvez nem se cumpra.

Educação, saúde, segurança, saneamento básico não deveriam ser promessas de campanha, nem mesmo projetos de governo. Isso é dever e obrigação mínima de quem governa. E num país grande e rico como o nosso que arrecada muitos impostos, isso não deveria mais faltar ao povo. Além disso, são problemas que não cabem somente ao presidente, mas aos deputados, senadores, governadores e prefeitos com projetos, leis, ações e vontade política.

As pesquisas procuram saber o que quer o povo, e assim, para ganhar votos, candidatos falam o que os pesquisados querem ouvir.

Neste cenário vazio de idéias e de partidos sem nenhuma ideologia, com um marketing caro vendendo um candidato feito produto, ficamos um pouco insatisfeitos. Eu, às vésperas do pleito não sabia em quem votar, quase anulava meu voto. Não senti em nenhum deles a empatia e a confiança de pudessem ser o governante que o país realmente precisa. E penso: este candidato existe, hoje, no país?

Acabamos escolhendoo que achamos 'menos pior'. E foi o que fiz, preferi apostar na continuidade do governo de Lula, ao continuísmo do PSDB que temos aqui no Estado de São Paulo. Isso é votar? Não sei... mas o cenário político nos leva a isso.

Ao ver Dilma Roussef vencer e ao ouvir o discurso de quem se elegeu a primeira mulher presidente, que promete acabar com a miséria, promete que o povo passará a ter vida mais digna, promete fará o seu melhor - e para isso tem todas as condições, inclusive políticas, todas a seu favor -, confesso que senti uma esperança nascer em mim. Naquelas palavras, não havia a necessidade do convencimento daqueles que a ouviam, não senti isso, mas me parecia a vontade de quem realmente quer fazer, quer realizar.

Não sei se é ingenuidade de minha parte, já há muito desacreditada dos nossos políticos, mas meu desejo é que discursos se concretizem, que palavras tornem-se realidade e que nosso país seja mais digno, sem divisões de qualquer tipo.

O Brasil é um todo e esse todo somos nós. E em cada um de nós há um coração e o sentimento de querer ver a nação próspera. Próspera e digna, principalmente do povo que tem.

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